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Em relação a Oxumarê,
qualquer definição mais rígida
é difícil e arriscada. Não se
pode nem dizer que seja um
Orixá masculino ou feminino,
pois ele é as duas coisas ao
mesmo tempo; metade do ano
é macho, a outra metade é
fêmea. Por isso mesmo a
dualidade é o conceito básico
associado a seus mitos e a seu
arquétipo.
Essa dualidade
onipresente faz com que
Oxumarê carregue todos os
opostos e todos os antônimos
básicos dentro de si: bem e
mal, dia e noite, macho e
fêmea, doce e amargo, etc.
Nos seis meses em que
é uma divindade masculina, é
representado pelo arco-íris,
sendo atribuído a Oxumarê o
poder de regular as chuvas e as
secas, já que, enquanto o arco-
íris brilha, não pode chover.
Ao mesmo tempo, a própria
existência do arco-íris é a
prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde se aglutinará em
forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará
à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas
chuvas, etc.
Nos seis meses subseqüentes, o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os
opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar
agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão,
perdendo em transcendência e ganhando em materialismo. Sob essa forma, segundo alguns mitos,
Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.
Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a
população negra, foi continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais
utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns, não
bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e
codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades,
introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica. Essa busca
objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Oxumarê e na cobra - e não há animal mais
peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica.
Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua
visão teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos na
religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal.SARCEDOTE DE UMBANDA PAI EURIPEDES DE OGUM !
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